Uma Introdução à Teoria Integral

“A palavra integral significa abrangente, inclusivo, não marginalizante, envolvente. A Abordagem Integral para qualquer campo (de conhecimento) tenta ser exatamente isso: algo que inclua as muitas perspectivas, estilos e metodologias, tantas quanto possíveis, dentro de uma visão coerente do assunto. Em certo sentido, as abordagens integrais são “meta-paradigmas”, ou maneiras de reunir um número já existente de paradigmas distintos em uma rede inter-relacionada de abordagens que são mutuamente enriquecedoras.” – Ken Wilber


O mundo nunca foi tão complexo como é agora – e isso é inacreditável e às vezes emocionalmente esmagador. O mundo não somente parece ficar mais complexo e caótico como nós enfrentamos mais e maiores problemas em nossos dias: o fundamentalismo religioso extremo, a degradação ambiental, a deficiência dos sistemas educacionais, a alienação existencial, e a instabilidade dos mercados financeiros. Nunca houve tantas disciplinas e visões de mundo para considerar e consultar na abordagem destas questões: uma infinidade de perspectivas.

Mas sem uma maneira de ligar, alavancando, correlacionando, e alinhando essas perspectivas, a sua contribuição para os problemas que enfrentamos ficam em grande parte perdidas ou comprometidas. Somos agora parte de uma comunidade global e precisamos de um quadro que seja de uma visão global, mas também ancorada nas minúcias do nosso cotidiano, e que possa conter a variedade de perspectivas válidas, as quais têm algo a oferecer aos nossos esforços individuais e coletivos para a construção de soluções.

Em 1977, o filósofo americano Ken Wilber publicou seu primeiro livro, O Espectro da Consciência. Este livro inovador integrou as principais escolas de psicologia através de um continuum de complexidade crescente, com diferentes escolas focadas em vários níveis dentro desse espectro. Nos próximos 30 anos, ele continuou com este impulso integrador, escrevendo livros em áreas como a antropologia cultural, filosofia, sociologia da religião, física, saúde, estudos ambientais, ciência e religião, e pós-modernismo.

Até à data de hoje, Wilber já publicou mais de duas dúzias de livros e neste processo criou a Teoria Integral. Os livros de Wilber foram traduzidos para mais de 24 idiomas, o que dá uma idéia do alcance global e a utilidade desta teoria. Desde a sua criação, a teoria integral tornou-se uma das abordagens mais importantes dentro dos maiores campos de estudos integrais e meta-teorias. Este papel de destaque é em grande parte o resultado da ampla gama de aplicações que a teoria integral provou eficiência, bem como o trabalho de muitos profissionais eruditos que têm e estão contribuindo para o desenvolvimento da teoria integral.

A Teoria Integral entrelaça os insights importantes de todas as principais disciplinas do conhecimento humano, incluindo as ciências naturais e sociais, bem como as artes e as disciplinas humanas. Como resultado de sua natureza abrangente, a teoria integral está sendo usado em mais de 35 diferentes campos acadêmicos e profissionais, tais como a arte, saúde, gestão organizacional, ecologia, congregações religiosas, economia, psicoterapia, direito e feminismo. Além disso, a teoria integral tem sido utilizada para desenvolver uma abordagem para a transformação e integração pessoal , chamada Prática de Vida Integral (PVI).

A Prática de Vida Integral permite aos indivíduos explorarem e desenvolverem, sistematicamente, os múltiplos aspectos de si mesmo, tais como o seu corpo físico, inteligência emocional, consciência cognitiva, relações interpessoais e a sabedoria espiritual. Porque a teoria integral inclui mais da realidade e se inter-relaciona mais profundamente do que qualquer outra abordagem atual para a avaliação e a construção de soluções, ela tem o potencial de ser mais bem sucedida em lidar com os problemas complexos que enfrentamos no século 21.

A teoria integral fornece a indivíduos e organizações uma estrutura poderosa, que é adequada para, virtualmente, qualquer contexto e que pode ser usada em qualquer escala. Por quê? Porque ela organiza todas as abordagens existentes disciplinando as análises e ações, permitindo ao praticante selecionar as ferramentas, técnicas e insights mais relevantes e importantes. Consequentemente, a teoria integral está sendo usada com sucesso em uma ampla variedade de contextos, tais como o ambiente íntimo de uma sessão de psicoterapia, bem como no programa das Nações Unidas sobre “Liderança focada em Resultados”, uma resposta global ao HIV / AIDS, utilizada em mais de 30 países. (…)

Wilber começou a usar a palavra “integral” para se referir à sua abordagem após apublicação de seu livro Sex, Ecology, Spirituality, em 1995. Foi neste livro que ele introduziu o modelo de quadrante, que desde então se tornou um ícone do seu trabalho em geral e da teoria integral, em particular. O modelo de quadrantes de Wilber é muitas vezes referido como o modelo AQAL, (pronunciado ah-qwal) o que se refere a todos os quadrantes, todos os níveis, todas as linhas, todos os estados e todos os tipos. Esses cinco elementos significam alguns dos padrões mais básicos de repetição da realidade. Assim, através da inclusão de todos esses padrões você pode “cobrir todas as bases”, garantindo que nenhuma parte importante de qualquer solução seja deixada de fora ou negligenciada.

Cada um destes cinco elementos (quadrantes, estados, níveis, linhas e tipos) pode ser usado para “olhar” a realidade, ao mesmo tempo que representam os aspectos básicos da sua própria consciência neste e em todos os momentos. Nesta visão geral, você será conduzido através das características essenciais de cada um desses cinco elementos, verá exemplos de como eles são usados ​​em vários contextos e porque eles são úteis para um profissional integral, e começará a identificar esses elementos em sua própria consciência, neste exato momento. Até o final desta “viagem”, você terá uma sólida compreensão de uma das abordagens mais versáteis e dinâmicas para integrar os conhecimentos de várias disciplinas.

por Sean Esbjörn-Hargens
www.integrallife.com 

Então vamos começar com o fundamento do modelo AQAL: Quadrantes.