O Bom, o Belo e o Verdadeiro

“Para entender o todo, é necessário entender as partes. Para entender as partes, é necessário entender o todo. Assim é o círculo do entendimento. Passamos da parte para o todo e vice-versa, e nessa dança de compreensão, nesse incrível círculo de entendimento, despertamos para o significado, para o valor e para a visão: o próprio círculo do entendimento nos guia, costurando os pedaços, curando as fissuras, reparando os fragmentos dilacerados e torturados, iluminando o caminho à frente – esse movimento extraordinário da parte para o todo e vice-versa, com a cura como marca da autenticidade de cada passo, e a graça como carinhosa recompensa”.

O Olho do Espírito, Ken Wilber


O que é o Bom, o Belo e o Verdadeiro?

O conceito do Bom, do Belo e do Verdadeiro remonta à antiguidade, encontrando suas primeiras expressões no Bhagavad Gita e nos ensinamentos de Platão, e mais tarde concebido por Aristóteles como três das propriedades transcendentes primárias do ser – propriedades que representam ambas as três categorias primárias de conhecimento, bem como as formas ideais dentro dessas categorias. Embora nossa compreensão dessas três dimensões irredutíveis tenha evoluído bastante ao longo dos milênios (já não as entendemos como formas platônicas perfeitas existentes em algum lugar fora do tempo, mas sim o produto natural das três perspectivas fundamentais que usamos para perceber a realidade), essa noção perene provou-se tão útil hoje quanto antes.

Como os três lados de um prisma, o Bom, o Belo e o Verdadeiro refletem a luz branca da consciência em todo o espectro da experiência humana:

Belo
Arte
Self
Estética
Primeira pessoa
Buda

Bom
Moral
Cultura
Ética
Segunda pessoa
Sangha

Verdade
Ciência
Natureza
Lógica
Terceira pessoa
Dharma

Ken Wilber freqüentemente se refere a essas dimensões irredutíveis da experiência como as “Três Grandes” do Eu, Nós e Isto:

  • Eu (Belo): Consciência, subjetividade, self e auto-expressão (incluindo arte e estética); honestidade, sinceridade.
  • Nós (Bom): Ética e moral, visões de mundo, contexto familiar, cultura; significado intersubjetivo, compreensão mútua, adequação, justiça.
  • Isto (Verdade): Ciência e tecnologia, natureza objetiva, formas empíricas (incluindo sistemas cerebrais e sociais); verdade proposicional (encaixe funcional e singular).

Uma Breve História do Bom, do Belo e do Verdadeiro:

A história das Três Grandes é o desdobramento do próprio conhecimento humano.

Nos tempos pré-modernos, essas três esferas de valor existiam em um estado de fusão indiferenciada – o Bom não era diferente do Verdadeiro, que não era diferente do Belo. Todos os três eram colapsados em uma única visão monológica, rigidamente controlada por um poder soberano particular (a Igreja, o Rei, etc.). Isso permitiu que cada esfera de valor dominasse e controlasse as outras. Galileu foi impedido de perseguir a ciência (o Verdadeiro) porque entrou em conflito com a moral religiosa mitica predominante da época (o Bom). Michelangelo teve que ter muito cuidado com os tipos de figuras que representava em sua arte, porque Arte e Moral ainda não eram diferenciados. Isto não era holismo ou integração; mas sim fusão indiferenciada.

Nos tempos modernos, começando em grande parte com o Renascimento, as esferas da Arte, da Moralidade e da Ciência começaram a ser devidamente diferenciadas. Libertadas do jugo do controle autoritário, cada esfera teve permissão para atuar sobre seus próprios domínios e seus próprios métodos para gerar conhecimento – e, como resultado, o conhecimento começou a florescer a uma taxa exponencial. Novas formas de expressão artística emergiram. Novos métodos de validação científica nos permitiram separar o fato objetivo da crença subjetiva, resultando no surgimento da física, da química e da biologia a partir do amálgama pré-diferenciado da alquimia hermética. Essas esferas de valor não apenas aceleravam sua própria aquisição de conhecimento, mas também exerciam uma pressão acelerada sobre as outras esferas – por exemplo, a diferenciação entre “Eu” e “Nós” permitia o surgimento de direitos e liberdades individuais que não podiam ser afetados ou banidos pelo Estado, pela Igreja, etc., que por sua vez resultou na proliferação de novas filosofias de bondade moral baseadas nesses novos princípios de igualitarismo e dignidade individual. Por serem devidamente diferenciadas, as três esferas de valor foram transformadas pela primeira vez em genuínos propulsores para o avanço do pensamento humano.

Mas o que acontece quando levamos a diferenciação longe demais? Simples: torna-se dissociação completa. Todo o nosso corpo de conhecimento se torna disfuncional, achatado e fragmentado. Os ciclos de retroalimentação criados entre as três esferas diferenciadas começam a se desintegrar, e todas as principais vias do conhecimento humano começaram a perder de vista as outras, ultrapassando sua competência e se reafirmando como a autoridade central de tudo o que é cognoscível. Divorciado de todas as noções de um contexto universal comum, um novo fundamentalismo começa a tomar forma – não o fundamentalismo bruto de uma autoridade central não diferenciada (toda floresta, nenhuma árvore), mas um fundamentalismo um pouco mais insidioso de núcleos dissociados e desconectados (todos árvores, sem floresta).

Essa é a condição pós-moderna em que muitos de nós mesmos agora nos encontramos, onde as muitas patologias da dissociação se espalham – incluindo todos os termos usuais de dez dólares como cientificismo, construtivismo cultural e relativismo, reducionismo sistêmico, infantilização estética, colapso epistêmico e “verdade” política.

Da fusão à diferenciação e dissociação – esta é a história do conhecimento humano até agora, a história da própria condição humana.

Integrando as Três Grandes

O que nos traz a hoje, no eminência de mais um monumental salto de compreensão. Um novo tipo de pensamento integrativo está começando a emergir das ruínas fumegantes do pós-modernismo, que busca reconhecer, honrar e incluir todos os numerosos ramos da arte, da moral e da ciência, reconhecendo-os como múltiplas facetas de uma única jóia viva. Este pensamento integrativo é guiado por três princípios gerais:

  • “Todo mundo está certo” (não-exclusão)
  • “Alguns estão mais certos que outros” (envolvimento)
  • “Se você quer saber isso, faça aquilo” (por em prática)

Note que, quando todos estes três princípios são postos em prática, surge uma questão muito simples, mas bastante profunda: “Como podemos descrever a realidade de tal maneira que todas essas perspectivas verificáveis ​​sobre a Verdade, a Bondade e a Beleza possam ser incluídas?

A Visão Integral é a nossa melhor resposta para essa pergunta – a nossa melhor esperança para superar a fragmentação dolorosa de nossas vidas e do mundo ao nosso redor, para diminuir as distâncias cada vez maiores entre nós e revelar o brilho da verdade em cada perspectiva.

Abrindo-se a esta nova onda integral de pensamento, conhecimento e ser, você é capaz de explorar mais completamente o enorme espectro de experiência disponíveis para você. E quanto mais você puder experimentar a realidade, mais liberdade e plenitude florescerão em sua vida. Integral é um meio pelo qual você pode ver – e sentir – que, de alguma forma, todos estão certos em suas várias interpretações da realidade. Ou, em outras palavras, “ninguém é inteligente o suficiente para estar errado o tempo todo”. A visão Integral baseia-se em todas as melhores ideias da história – do Oriente e do Ocidente, pré-moderna, moderna e além. Ela sintetiza todo o nosso conhecimento e sabedoria acumulada de tal forma que passamos a ver padrões muito reais emergir diante de nossos olhos, padrões que conectam todos os vários aspectos de nossas vidas, tecendo as muitas vertentes de nossas vidas em um todo profundamente significativo.

A Visão Integral ajuda a refinar e fortalecer nossa própria perspectiva de mundo, ao mesmo tempo em que nos abre para todas as perspectivas infinitas que nos cercam, para que possamos compartilhar plena e livremente a visão mais abrangente da realidade possível. Isso nos permite ser uma inegável força da Verdade, Bondade e Beleza no mundo, nos nossos relacionamentos e no nosso próprio atemporal coração.

escrito por Corey deVos
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