Endereço Kósmico: tudo no seu lugar certo

O universo, nós entendemos, não é uma cacofonia aleatória de ruído e entropia. Não, o nosso universo é verdadeiramente um “uni-verso” – Uma Única Melodia – o que significa que tudo nele está de alguma forma interconectado e unificado com tudo o mais. Tudo se encaixa.

Mas como tudo se encaixa?

Aqui, Ken Wilber explora a noção de Endereço Kósmico – um “sistema de indexação” universal que usa o modelo Integral para situar e constelar todos os fenômenos conhecidos (físicos, mentais e espirituais), bem como a nossa capacidade de discernir esses fenômenos. Isso nos permite não só entender melhor a natureza de cada componente, mas também como essa parte se relaciona com qualquer outra parte e se encaixa no todo, revelando a arquitetura oculta do próprio conhecimento.

Nas palavras de Ken:

Um endereço Kósmico, como eu tenho observado, é a soma das dimensões AQAL de um/qualquer dado fenômeno. Vivemos em um universo que é, formalmente, sem um centro – é um universo onde qualquer coisa ou evento pode ser tomado como o centro do universo, e assim todo o resto relaciona-se com essa localização (do fenômeno). Mas “essa localização” não pode ela própria ser dada de forma única e fixa, uma vez que ela não está localizada em relação a qualquer centro fixo; o próprio fenômeno pode ser localizado apenas em relação à soma total de todos os outros fenômenos no universo. Portanto, seu “endereço” – seu “Endereço Kósmico” – apenas pode ser indicado ao fornecermos uma lista de suas relações relativas a outros fenômenos conhecidos. A Matriz AQAL faz exatamente isso.

Assim, um endereço Kósmico simples de um determinado estado emocional pode ser a sua existência no quadrante 1 (Superior Esquerdo), na linha de inteligência emocional, em uma altitude âmbar, num estado denso/grosseiro, num tipo 5 no Eneagrama, com emoções contaminadas do tipo 4. No universo conhecido, essas são informações suficientes para identificar a “localização” geral desse estado emocional particular – juntamente com suas principais qualidades e características. Ou, um caça a jato como um produto ou artefato social, que existe no quadrante 4 (Inferior Direito), na linha de defesa militar, em uma altitude verde-azulado, em um estado denso/grosseiro, um caça tipo F-16, de um tipo dos Estados Unidos. Deus como o Fundamento Amoroso (O Grande Tu) é  quadrante 2 (Inferior Esquerdo), altitude ultravioleta, linha bhakti [devocional], estado causal inicial, tipo Espírito-na-2ª-pessoa, tipo saguna. E assim por diante.

Saguna: uma divindade (Isvara) pessoal, causa material e direta do mundo e objeto de culto e de rituais – seria o Brahman como pessoa, segundo os Vedas. Um reflexo do absoluto através do véu da ignorância, o avidya, consequência da tentativa de conhecer a Verdade com uma mente sob a influência do Maya.

Esses três referentes são reais; eles existem em um real e particular espaço de mundo; e a localização, ou o endereço Kósmico, de cada um podem ser indicados em relação à soma total de outros referentes reais no Kosmos, o que a matriz de dimensões AQAL faz. Qualquer número de elementos de identificação “localizadores” pode ser dado; e os cinco elementos AQAL são um mínimo necessário. Além disso, o conhecedor ou experimentador de qualquer desses referentes também tem seu próprio endereço Kósmico específico, e isso também precisa ser indicado para uma imagem completa. (Alguém no nível de altitude âmbar que está tentando entender um fenômeno de um nível índigo não fará um trabalho muito adequado e pode traduzi-lo erroneamente, isso precisa ser levado em consideração em qualquer processo de conhecimento, e a “localização” de qualquer referente incluirá o referente e o endereço Kósmico do conhecedor).

O argumento é que todos os referentes reais – incluindo cães, raiz quadrada de um negativo e o Deus sem forma – existem em espaços de mundo específicos; eles têm endereços Kósmicos específicos. Eles não estão descansando em um mundo de planura pré-dado, esperando ser percebido por todos, mas os espaços de mundo específicos devem ser contatados (os Endereços Kósmicos particulares devem ser identificados e alcançados), para que você se aproxime o suficiente da vizinhança do referente para poder experimentá-lo diretamente. (Nem mesmo um cão está aberto a ser percebido por todos os seres – uma única célula, por exemplo, não pode ver o cachorro porque não pode chegar perto de seu endereço Kósmico, então o cão não existe para ela).

-Ken Wilber, The Religion of Tomorrow
https://integrallife.com/kosmic-address-everything-right-place/

Crescer, Despertar

Crescer, Despertar
Ken Wilber

O presente artigo é a introdução do mini curso gratuito
Full Spectrum Mindfulness Core Concepts, de Ken Wilber.

A Prática de Vida Integral é um processo de crescimento – individual ou coletivo ou ambos – que só se tornou possível nas últimas uma ou duas décadas, por meio de alguns avanços incrivelmente emocionantes provocados pela Teoria Integral e por outras disciplinas que envolvem as formas pelas quais seres humanos e organizações crescem, evoluem e se desenvolvem. Agora vou apresentar alguns termos técnicos nos quais você não precisa prestar atenção neste momento, mas vou apenas apresentá-los para registro e, em seguida, quando necessário, vou clara e suficientemente explicar o que precisamos saber para essa prática. Mas uma Prática de Vida Integral geral envolve Estar Presente (Showing Up) em todos os quatro quadrantes; Crescer (Growing Up) até os níveis mais elevados de desenvolvimento; Abrir-se (Opening Up) para as várias linhas de desenvolvimento; Despertar (Waking up) para estados superiores; e Purificar-se (Cleaning Up) tanto com relação aos aspectos positivos como os negativos ou o chamado trabalho com a sombra. Parece muito, certo? Mas o ponto é que esses vários processos estão ocorrendo agora, quer os conheçamos ou não. Esses processos não são apenas teorias postuladas como uma espécie de especulação complicada; são realidades baseadas em evidências que estão nos impactando a cada minuto de cada hora de cada dia. Esses processos não são coisas como uma “desconstrução”, ou seja, uma conceituação teórica na qual, dependendo do seu desejo, você pode acreditar ou não. Esses processos são territórios realmente existentes, são realidades genuínas em nosso próprio ser, totalmente presentes e totalmente ativas em todos e cada um de nós.

A Prática de Vida Integral toma todos esses vários territórios – alguns dos quais conhecidos há séculos e alguns dos quais só descobertos nas últimas uma ou duas décadas – e os une em uma prática experiencial que favorece a autorrealização, o autodesenvolvimento e o autocrescimento, aproveitando todos esses enormes potenciais presentes em cada um dos indivíduos e, assim, permitindo que eles se tornem os melhores, mais brilhantes, mais desenvolvidos, mais amáveis e mais sensíveis que possam ser.

Será que isso vale a pena? Seguir esta prática traz algo que seja realmente importante ou benéfico? Bem, isso é algo para você mesmo decidir. O que acontecerá a seguir é que eu e alguns de meus amigos, que estamos convencidos da dignidade desta proposta, vamos compartilhar com você uma série de exercícios diretos e práticas experienciais, para você experimentá-las pessoalmente. Quando as apresentarmos, veja se elas fazem sentido; e se assim for, coloque-as em prática. Você não tem nada a perder e, a julgar pelo feedback que recebemos daqueles que o fizeram, provavelmente valerá muito a pena.

Então vamos começar? Vários especialistas na Prática de Vida Integral estarão apresentando exercícios que cobrem uma ou mais áreas dos caminhos do Estar Presente, Crescer, Abrir-se, Despertar e Purificar-se. Hoje, vou me concentrar especialmente no caminho do Crescer e no Despertar, começando com este último.

O caminho do Despertar é algo encontrado em todo o mundo, muitas vezes remontando a dois ou mais milênios, um processo de crescimento que leva ao que é conhecido como Iluminação, Despertar, Metamorfose ou Transformação, Moksha ou Libertação, a Grande Libertação. Praticamente todas as Grandes Religiões do mundo têm pelo menos duas apresentações, conhecidas como conhecimento exotérico ou externo, e conhecimento esotérico ou interno. Conhecimento exotérico ou externo consiste geralmente em uma série de histórias, muitas vezes mágicas e míticas, que pretendem explicar a origem do universo, dos seres humanos, e muitas vezes em relação a um ser sobrenatural ou a seres cheios de poderes miraculosos; e esse lado da religião geralmente envolve aprender como assumir um relacionamento correto com este Ser Supremo. É um sistema de crenças baseado em vários mitos frequentemente transmitidos por séculos.

Mas o conhecimento esotérico ou interior não é um sistema de crenças míticas; é uma psicotecnologia da transformação da consciência. É uma ciência mental interior que visa uma experiência direta do que é dito ser a realidade última, resultando em uma tremenda realização conhecida como Iluminação ou Despertar. E isso não significa apenas pensar sobre uma realidade última, mas tornar-se identificado com essa realidade, em um estado que os sufis chamam de a “Identidade Suprema” – você, e a realidade última ou o próprio Espírito, são radicalmente um, e diz-se que essa percepção liberta o indivíduo do pecado original, da separação, ou dualismo de identificar-se apenas com este pequeno, finito, temporal, autocontraído e separado self, e em vez disso leva o indivíduo a identificar-se com todo o Kosmos em toda a sua glória. Diz-se que esta é uma Libertação suprema porque, sendo um com o Todo, não há mais nada fora deste Self que possa escravizá-lo; e também é uma plenitude final, precisamente porque você é realmente um com o Todo, sem nada fora de você que você possa desejar. Então este é o objetivo último daquilo que se chama Iluminação, ou a Suprema Identidade, Suprema Liberdade ou a Plenitude Radical, na qual você experimenta uma unidade com o universo inteiro, acabando com todo sofrimento e miséria e conduzindo a um mundo de felicidade, bem-estar e integridade aparentemente intermináveis. Soa um pouco distante, não é? Bem, espere um momento para ver o que você irá pensar após ter realizado as nossas práticas experienciais, que poderão lhe proporcionar um vislumbre direto disso.

Enquanto isso, podemos simplesmente observar que, como dissemos anteriormente, virtualmente todas as principais grandes religiões têm seus componentes e sistemas de crença externos, exotéricos, geralmente míticos, bem como estes aspectos mais interiores, esotéricos, meditativos ou contemplativos. Estes escolas esotéricas interiores formam os grandes sistemas meditativos e místicos encontrados em todo o mundo – no hinduísmo, temos Vedanta; no judaísmo, cabala e hassidismo; no Islã, Sufismo; no budismo, práticas centrais que levam ao nirvana ou à consciência iluminada; no Taoísmo, taoísmo contemplativo; no cristianismo, cristianismo místico e gnóstico, e assim por diante. E muitas vezes tem sido observado que todas as versões esotéricas mantêm essencialmente a mesma verdade básica da Identidade Suprema – em sua parte mais profunda, você é um com o Espírito, você contém todo o universo. Tat tvam asi – Tu és isso, como os Upanishads hindus afirmam – em sua verdadeira natureza, você é um com todo o Fundamento do Ser.

Essa percepção é freqüentemente chamada de Despertar ou Libertação, porque nos liberta do sonho de que somos apenas este pequeno self separado e autocontraído, esse ego ligado à pele, nascido apenas para viver, curtir um pouco, sofrer muito e morrer. Em vez disso, despertamos para a nossa verdadeira realidade, uma unidade unificada com o todo o universo. E é esse processo de Despertar que é fundamental para as grandes Tradições de Sabedoria esotéricas do mundo.

Uma das versões mais conhecidas de uma prática do Despertar é conhecida como mindfulness. Esta prática está se tornando bastante popular no Ocidente, embora tenha se originado na Índia perto de três mil anos atrás. Mas é uma forma profunda, simples, direta e muito eficaz de Despertar. Também tem muitos, muitos benéficos e efeitos secundários, da melhoria da saúde à redução de quadros depressivos, ao controle da pressão arterial, ao manejo significativo da dor, entre muitos outros – e está sendo promovida no Ocidente principalmente por esses muitos benefícios secundários, muitas vezes sem menção a Iluminação ou ao Despertar, embora seu propósito original fosse de fato (e ainda permanece sendo) um caminho para o Despertar. Vou apresentar uma versão simples dessa prática em um momento. Mas primeiro, deixe-me dizer para onde tudo isso está indo.

Despertar aponta para um profundo processo de crescimento espiritual nos seres humanos. E simplesmente note que, por mais estranho que pareça no início, essa prática geral e seus resultados não precisam ser colocados em termos espirituais. Eles podem ser descritos simplesmente como a percepção de nossos próprios e mais elevados potenciais; ou o despertar de nossos maiores talentos e capacidades; ou a percepção de nossa essencial unidade com toda a evolução; ou a melhoria de nossa saúde, felicidade e bem-estar; ou o encontro de nosso Verdadeiro Eu, transpessoal e superconsciente; ou simplesmente o despertar de um mundo de sonho para uma realidade mais elevada e verdadeira, com uma consciência maior, focalizada no atemporal Agora. Mas a experiência em si é geralmente tão profunda e arrebatadora que é muitas vezes descrita em termos espirituais, infinitos, eternos, profundos e absolutos – porque é isso que parece. Em outras palavras, a mesma experiência de iluminação pode ser interpretada de muitas, muitas maneiras diferentes – do secular ao espiritual e além, e tudo bem.

Mas se você se sente incomodado por termos religiosos ou espirituais, não os use, e não pense nisso nesses termos. Você não irá querer perder esta oportunidade só porque a questão é redigida com uma palavra que não funciona para você, então lembre-se disso. Essencialmente, há uma experiência mundial e universal desta realização no mundo esotérico, e as tradições são apenas uma evidência significativa da sua realidade, mas você não precisa ser apanhado em suas interpretações espirituais. Seja qual for a interpretação que funcione para você, tudo bem. A questão é simplesmente que temos acesso a essa realidade mais elevada, profunda e verdadeira, e é uma realidade que podemos praticar para realizar. Experiências semelhantes de Despertar são frequentemente vivenciadas nas experiências de quase morte, com alguns tipos de psicodélicos, espontaneamente na natureza ou enquanto se ouve música ou se faz amor. Mas aqueles que têm essas experiências estão quase universalmente convencidos de sua profunda realidade; há pouca dúvida de que tiveram uma experiência próxima das dimensões últimas – e acho que você começará a ver o que isso significa quando entrarmos no real exercício experiencial disso. Mas se você se sente incomodado por termos religiosos ou espirituais, apenas ignore-os, espere até ter uma dessas experiências e escolha os termos que melhor funcionem para você. Eu realmente gostaria de ouvir os termos que você irá propor; então talvez tenhamos um tempinho para explorar isso.

Agora dissemos que essa experiência da realidade suprema pode ser interpretada de muitos jeitos diferentes. E esse é um ponto muito importante, porque o papel crucial que a interpretação desempenha em todo o conhecimento e experiência só foi percebido muito recentemente, durante este último século. Anteriormente, durante a maior parte da nossa história, era comum diferenciar conhecimento de opinião. Opinião era algo que pode ou não ser verdade – é apenas baseada no seu palpite ou na sua apreciação. Mas conhecimento era algo que era certo. Dizer que algo era conhecimento e não opinião significava que era definitiva e universalmente verdade, verdade para todas as pessoas, todas as vezes. Foi apenas no século passado que começamos a perceber que muito do que uma cultura diz ser conhecimento – não necessariamente ou mesmo geralmente com certeza – é muitas vezes uma verdade gerada apenas por essa cultura – é mais como se fosse uma opinião cultural, ao invés de um conhecimento universalmente verdadeiro. Não é um fato, é apenas um interpretação dos fatos.

Ao mesmo tempo em que isso estava sendo estudado, as formas que os seres humanos criam suas várias interpretações também foram se tornando compreendidas pela primeira vez. O ponto básico aqui é que a capacidade de interpretação é algo que cresce; não é totalmente dada, completa e totalmente funcional, desde o início, mas sim cresce e se desenvolve ao longo do tempo. Quando os seres humanos nascem, a maioria de suas capacidades são muito subdesenvolvidas e seu conhecimento real é muito pequeno, mínimo. Então o ser humano passa por numerosos processos de desenvolvimento, um processo de crescimento que leva a pessoa de imatura e pouco desenvolvida a níveis mais maduros e mais desenvolvidos, e finalmente para estágios de grande maturidade e máximo desenvolvimento – isso é o que se espera, de alguma forma.

Podemos tomar como exemplo o desenvolvimento moral de uma pessoa. Um bebê ao nascer tem pouco ou nenhum tipo de princípio moral formado; ele é governado por instintos e desejos. No desenvolvimento moral, estes são os chamados estágios prematuros. À medida que o ser humano continua a crescer, eventualmente se move para uma série de etapas determinadas pela cultura em que está; adota o que seu clã ou tribo ou nação considera estar certo e errado, bem e mal. Esses estágios são conhecidos como estágios convencionais ou conformistas – “meu país, esteja certo ou errado”, “lei e ordem”. Assim, o indivíduo continua crescendo, indo além do que foi ensinado por sua cultura e começa a pensar por si mesmo, usando princípios morais mais universais e mundiais. Esses estágios são chamados “pós-conformistas” ou “pós-convencionais”: eles são “pós” ou “além” da cultura estreita e são mais globais em termos de perspectiva. Agora, em cada um desses estágios, quando confrontado com um problema ou questão moral, o ser humano interpretará esse problema – e sua solução – de acordo com o estágio moral de crescimento em que se encontra. Alguém em estágios pré-convencionais dará respostas muito egocêntricas e egoístas: “O que é certo é o que eu digo que é certo”. Irá querer os brinquedos de outras crianças, sem a noção sobre se isso é algo certo ou errado. Subindo, Seguindo, alguém em estágios conformistas irá mover-se além de seus próprios desejos egoístas e começará a se identificar com os desejos de seu grupo primário, mas somente esse grupo – eles serão a favor de sua tribo ou o seu grupo ou a sua nação, e verão todos os outros grupos como ameaçadores e dos quais precisam se defender – novamente, “meu país, esteja certo ou errado”. Mas esse grupo primário não pode cometer erros – as opiniões são tomadas como um conhecimento absolutamente verdadeiro, nem mesmo devem ou podem ser questionadas. E num nível mais elevado ainda, alguém em fases posconvencionais dará respostas que tratam todos os humanos de forma justa, independentemente de raça, cor, sexo ou credo – não apenas o grupo, mas todos os possíveis grupos. Então de egocêntrico (centrado somente no eu) ao etnocêntrico (centrado no grupo próximo) para mundicêntrico (centrado em todos os seres humanos); de “eu” para “nós” para “todos nós”, nossa moral fica maior e maior e maior, por assim dizer. Esta é claramente uma expansão de consciência, uma expansão da identidade (“eu” para “nós” para “todos nós”), e assim uma extensão da preocupação moral (de apenas eu, para apenas o meu grupo, para todos os grupos, todos os seres humanos) e, portanto, um aumento da capacidade de amar também. Claramente, algo muito importante está acontecendo com este processo de maturação.

Agora, todo esse processo é o que chamamos de “Crescer”. Um ser humano tem um grande número de capacidades e numerosas inteligências diferentes, e virtualmente todas elas estão sujeitas ao crescimento e desenvolvimento – todas elas. E em cada estágio do Crescimento, você interpretará o mundo de maneira diferente. Acabamos de ver que, em termos de desenvolvimento moral, uma pessoa passará de uma visão egocêntrica para uma visão etnocêntrica e então para uma visão mundicêntrica ou baseada em todos os grupos ou todos os seres humanos de forma justa. E em cada estágio ela pensa que somente sua verdade e valores e pontos de vista são verdadeiramente existentes e bons; todos os outros são inadequados, patéticos ou simplesmente errados. Voltaremos a esse ponto mais à frente, pois isso é importante.

Há cerca de um século, esses vários estágios de desenvolvimento começaram a ser explorados e estudados – esse movimento geral do egocêntrico (“apenas eu”) para etnocêntrico (“apenas nós”) para mundicêntrico (“todos nós”). Em nossa história geral, a compreensão do caminho do Crescimento é uma descoberta e investigação relativamente recente. Algumas formas de Despertar, por exemplo, foram estudadas e praticadas há dois ou três mil anos (muitas vezes mais); mas o estudo real das etapas do caminho do Crescimento remonta a apenas cerca de 100 anos. Por que há essa grande diferença – 3000 anos ou mais contra meros cem anos?

A principal razão é que quando você está em um profundo estado meditativo ou místico ou vivenciando uma Experiência de Despertar – sendo um com o universo inteiro – você sabe disso através de sua experiência imediata e direta. Há poucas dúvidas sobre isso. Mas isso não é verdade com estes estágios do crescimento; eles são mais como as regras da gramática em todos os idiomas. Fique comigo aqui por apenas um minuto. Alguém nascido em uma cultura particular acabará falando a sua linguagem de forma correta – essas pessoas juntam sujeito e verbo corretamente, elas usam adjetivos e advérbios corretamente e, em geral, seguem as regras da gramática de sua língua corretamente. Mas se você pedir para alguma dessas pessoas anotar essas regras da gramática que estão utilizando, praticamente ninguém conseguirá fazê-lo. Elas estão seguindo estes grandes sistemas de gramática, mas nenhuma delas sabe que o está fazendo, e muito menos o que essas regras são.

Esses estágios gerais de desenvolvimento do caminho do Crescimento são como a gramática. Enquanto você está em um estágio específico de desenvolvimento, você segue as regras e padrões deste estágio com bastante precisão, mas não tem idéia de que está fazendo isso. Alguém no estágio moral conformista de desenvolvimento pensará que suas ideias são exatamente como as coisas devem ser; eles não têm o entendimento de que tiraram essas idéias de sua cultura. E não há nada em suas idéias que os alertará sobre esse fato. Como a gramática, você não consegue ver esses estágios através de introspecção ou olhando para dentro de si mesmo. Eles são os mapas ocultos que usamos para navegar no território em que nos encontramos, e não temos ideia de que os estamos usando. Nós pensamos que nosso mapas são o próprio território. Nós estamos olhando o mundo através deles, nós não estamos olhando para eles. E assim, nós nem mesmo sabemos que eles estão lá. E nós definitivamente confundimos mapa com território – e isso não é bom.

E é por isso que não podemos descobrir esses estágios básicos de crescimento e desenvolvimento, esses mapas ocultos, apenas olhando para dentro. Nós poderíamos nos sentar com nossos mapas de meditação por 20 anos, olhando para dentro, e nunca ver nenhuma dessas regras da gramática – nem nenhum desses mapas ocultos de desenvolvimento. Para descobrir isso, os cientistas têm que estudar grandes grupos de pessoas ao longo de muitos anos, acompanhar e gravar seus vários movimentos de desenvolvimentos e, em seguida, descobrir exatamente quais são as regras e padrões que cada estágio está seguindo. E precisamente porque você não pode ver esses estágios simplesmente olhando para dentro, nenhum sistema de meditação ou caminho espiritual em qualquer lugar do mundo possui algum entendimento sobre qualquer um desses estágios do Crescimento. Estágios do Despertar, sim, você pode ver isso olhando para dentro. Mas estágios do Crescimento, não. E alguns de nossos modelos de Crescimento têm 5 estágios, 7 estágios, 12 estágios ou mais – e não há um único sistema espiritual em qualquer lugar do mundo, não importa quão antigo ou novo novo ele seja, que tenha alguma coisa como qualquer uma dessas sequências de desenvolvimento. Estes estágios detalhados do Crescimento são de fato uma descoberta muito recente – outra razão pela qual nenhuma religião em qualquer lugar tem algo parecido com isso. Assim, eu acho que você pode começar a ver o problema aqui.

Agora, com toda a justiça, as muitas escolas de psicologia do desenvolvimento que estudam esses estágios de Crescer – principalmente escolas psicológicas e sociológicas ocidentais – embora eles tenham uma compreensão bastante detalhada dos principais estágios do Crescimento, praticamente nenhum deles tem nada como Despertar ou estágios levando ao Despertar e Iluminação. A razão para isto é que, como uma aquisição bastante permanente, o estado do Despertar é geralmente o resultado de muitos anos de uma prática específica – meditação ou contemplação ou yoga ou práticas de oração contemplativa ou autorrealização, e assim por diante. Poucas pessoas, principalmente no Ocidente, dedicam grande parte de seu tempo a essas práticas (mesmo que elas saibam algo sobre isso). Assim, quando os pesquisadores ocidentais começaram estudando os vários estágios de desenvolvimento que estavam presentes em qualquer população típica, eles encontraram muitos exemplos de pessoas em praticamente todos os vários estágios do Crescimento — pois é um processo natural e normal de amadurecimento que ocorrerá em algum grau, quer você trabalhe muito ou não; mas os pesquisadores descobriram muito poucas pessoas que estivessem permanentemente no estado do Despertar (e quando eles encontravam, não sabiam como entender isso e tendiam a simplesmente ignorá-lo). Portanto, há muito poucos, se houver, modelos ocidentais de desenvolvimento que têm algo como Iluminação, Despertar, Moksha, Satori ou Liberdade, a Identidade Suprema e assim por diante.

Então a humanidade está hoje – e tem estado ao longo de toda a sua história até este ponto – em uma situação muito estranha. Temos pelo menos esses dois grandes caminhos de desenvolvimento – o caminho do Crescer e o caminho do Despertar. Mas nunca os dois caminhos foram praticados juntos – nunca. Isso significa que a humanidade tem atuado e trabalhado para ser parcial, limitada, fragmentada – virtualmente desde o primeiro dia. E toda a história é a história de uma humanidade fragmentada. Foi somente na última década que percebemos que podemos trilhar esses dois caminhos de crescimento, e que ambos são incrivelmente importantes e verdadeiramente necessários se quisermos ser seres humanos plenamente desenvolvidos e verdadeiramente inteiros. E isso nos abre a possibilidade de um futuro inteiramente novo e radicalmente inovador, como nós nunca, mas nunca mesmo, vimos antes.

E isso, em uma frase, é o objetivo da Prática de Vida Integral – combinar o melhor dos caminhos do Crescimento com o melhor dos caminhos do Despertar. Claro que nós incluímos alguns outros territórios também (como o Estar Presente e Purificar-se, como veremos). Mas os caminhos do Crescimento e Despertar são verdadeiramente centrais, não apenas para a Prática de Vida Integral, mas para a própria Vida, para tornar-se um ser humano pleno e completo, não importando com qual outra atividade, disciplina ou caminho você esteja envolvido. E por mais incrível que possa parecer, foi apenas na última década que a humanidade teve essa possibilidade disponibilizada – a possibilidade de incluir e praticar tanto o caminho do Crescimento quanto o do Despertar. Isso em si é verdadeiramente extraordinário, até mesmo revolucionário.

Agora, se a perspectiva de tornar-se um ser humano verdadeiramente inteiro e completo – ou simplesmente entender o que isso significa – faz algum sentido para você, encontra algum eco em você, então vamos explorar essa possibilidade em mais detalhes. Então, chegaremos às práticas reais tanto do Crescimento quanto do Despertar, para que você possa realizar estes caminhos na prática e decidir por si mesmo. Ok?

Vamos começar examinando mais alguns pontos sobre esse caminho do Crescimento descoberto há relativamente pouco tempo. Como dissemos, todo ser humano tem potencial para numerosas capacidades, talentos e inteligências com as quais nasce. Agora, costumava-se pensar que um ser humano tinha uma grande inteligência – geralmente chamada inteligência cognitiva e medida com o importantíssimo teste de QI. Mas, mais recentemente, percebeu-se que os humanos têm o que o psicólogo de Harvard Howard Gardner chamou de inteligências múltiplas – não temos apenas inteligência cognitiva, mas também inteligência emocional, inteligência moral, inteligência linguística, inteligência intrapessoal, inteligência relativa a valores e assim por diante. Às vezes, essas também são chamadas de linhas de desenvolvimento, ou apenas linhas (como em “todos os quadrantes, todos os níveis, todas as linhas, todos os estados, todos os tipos ”- que é a forma com que esta versão da Teoria Integral é frequentemente apontada). Mas há uma descoberta igualmente importante que acompanha todos esses inteligências ou linhas. Por mais diferentes que sejam essas linhas múltiplas, elas crescem e se desenvolvem através dos mesmos níveis básicos de desenvolvimento. Ou seja, linhas diferentes, mesmos níveis.

Então, exatamente quantos níveis ou estágios do desenvolvimento global existem no caminho do Crescimento? Em certo sentido, a resposta a isso é um pouco arbitrária. É como medir, informar a temperatura de, digamos, um copo de água. Nós podemos dar a resposta em termos de Centígrados, ou Fahrenheit, ou Kelvin, entre outros. Se a água estiver fervendo, centígrados vai dizer que é 100 graus e Fahrenheit vai dizer 212 graus e Kelvin vai dizer que é perto de 700 graus. Qual está certo? Claramente, estão todos corretos, só depende do nível de detalhe que você quer, com Fahrenheit indicando cerca de duas vezes mais graus ou estágios entre o congelamento e a ebulição, como o Centígrado, e Kelvin 4 ou 5 vezes mais. Você só tem que dizer qual escala você está usando. O mesmo se aplica aos estágios gerais ou níveis de desenvolvimento. Existem modelos que dão 3 estágios básicos, alguns dão 5, uns 9 ou 12, alguns mais. Mas se você pegar todos os modelos disponíveis e colocá-los todos juntos, o que você encontra na maioria das vezes são essencialmente os mesmos 6-8 níveis principais de desenvolvimento. Eu fiz escrevi um livro chamado Integral Psychology, e nele há os gráficos de mais de 100 diferentes modelos de desenvolvimento, e na maioria desses, os mesmos 6 a 8 níveis continuam aparecendo de novo e de novo. Mais uma vez, isso não significa que os outros estão errados; é mais uma questão de quanto detalhe você quer; e os mais comumente usados ​​são esses 6 a 8 níveis básicos de desenvolvimento. Nós vamos passar por cada um logo mais, para que você possa ver claramente como cada um deles é (e com quais desses estágios-níveis você se encontra mais predominante identificado – uma descoberta que poderá surpreendê-lo).

O ponto principal é simplesmente que esses níveis de desenvolvimento são de fato muito importantes, porque de muitas maneiras, as próprias visões, idéias e experiências que você tem a respeito da realidade, a qualquer momento, são em grande medida moldadas, ou mesmo determinadas, pelo nível de desenvolvimento em que você está operando (em qualquer das suas múltiplas inteligências). Seu nível de desenvolvimento é tão importante pois ele contribui, de forma determinante, na maneira como você experimenta algo como o Despertar. E, no entanto, a maioria de nós não tem conhecimento destes níveis desenvolvimento, e muito menos entende como eles acontecem em nós – eles realmente são mapas ocultos, assim como uma gramática. E algumas pessoas ficam bastante irritadas quando algo assim é mencionado – elas, compreensivelmente, não devem estar informadas de que o que elas entendem ser pensamentos originais são, em muitos aspectos, determinados em grande parte pelos mapas ocultos, oriundos de sua cultura, e que governam suas interpretações da realidade. Variações destes níveis do Crescimento foram pesquisados em diferentes locais, e em vários e diversos ambientes, das tribos da floresta amazônica, aos aborígines australianos, aos trabalhadores mexicanos, aos cidadãos russos, às donas de casa de Illinois, e nenhuma grande exceção foi encontrada em sua constituição. Estudando esses níveis de desenvolvimento, teremos a oportunidade de conhecer todos os 7 ou 8 principais níveis, e isso lhe permitirá perceber cada um deles em sua própria consciência, possibilitando-o obter algum grau de liberdade em relação ao controle que eles exercem sobre você. Então essa é uma razão crucial para nos tornarmos conscientes desses estágios ou níveis em nosso caminho geral do Crescer – para acelerar a nossa desidentificação com eles, assim deixando-os de lado, ficando livre de sua influência.

Para facilitar esse processo de desidentificação, vamos usar, de maneira central, mindfulness – assim, pela primeira vez, reunindo aspectos do Crescer e do Despertar em uma prática integrada e unificada.

Tradução e adaptação: Paulo C S Passini
Revisão: Jorge Watanabe

O Bom, o Belo e o Verdadeiro

“Para entender o todo, é necessário entender as partes. Para entender as partes, é necessário entender o todo. Assim é o círculo do entendimento. Passamos da parte para o todo e vice-versa, e nessa dança de compreensão, nesse incrível círculo de entendimento, despertamos para o significado, para o valor e para a visão: o próprio círculo do entendimento nos guia, costurando os pedaços, curando as fissuras, reparando os fragmentos dilacerados e torturados, iluminando o caminho à frente – esse movimento extraordinário da parte para o todo e vice-versa, com a cura como marca da autenticidade de cada passo, e a graça como carinhosa recompensa”.

O Olho do Espírito, Ken Wilber


O que é o Bom, o Belo e o Verdadeiro?

O conceito do Bom, do Belo e do Verdadeiro remonta à antiguidade, encontrando suas primeiras expressões no Bhagavad Gita e nos ensinamentos de Platão, e mais tarde concebido por Aristóteles como três das propriedades transcendentes primárias do ser – propriedades que representam ambas as três categorias primárias de conhecimento, bem como as formas ideais dentro dessas categorias. Embora nossa compreensão dessas três dimensões irredutíveis tenha evoluído bastante ao longo dos milênios (já não as entendemos como formas platônicas perfeitas existentes em algum lugar fora do tempo, mas sim o produto natural das três perspectivas fundamentais que usamos para perceber a realidade), essa noção perene provou-se tão útil hoje quanto antes.

Como os três lados de um prisma, o Bom, o Belo e o Verdadeiro refletem a luz branca da consciência em todo o espectro da experiência humana:

Belo
Arte
Self
Estética
Primeira pessoa
Buda

Bom
Moral
Cultura
Ética
Segunda pessoa
Sangha

Verdade
Ciência
Natureza
Lógica
Terceira pessoa
Dharma

Ken Wilber freqüentemente se refere a essas dimensões irredutíveis da experiência como as “Três Grandes” do Eu, Nós e Isto:

  • Eu (Belo): Consciência, subjetividade, self e auto-expressão (incluindo arte e estética); honestidade, sinceridade.
  • Nós (Bom): Ética e moral, visões de mundo, contexto familiar, cultura; significado intersubjetivo, compreensão mútua, adequação, justiça.
  • Isto (Verdade): Ciência e tecnologia, natureza objetiva, formas empíricas (incluindo sistemas cerebrais e sociais); verdade proposicional (encaixe funcional e singular).

Uma Breve História do Bom, do Belo e do Verdadeiro:

A história das Três Grandes é o desdobramento do próprio conhecimento humano.

Nos tempos pré-modernos, essas três esferas de valor existiam em um estado de fusão indiferenciada – o Bom não era diferente do Verdadeiro, que não era diferente do Belo. Todos os três eram colapsados em uma única visão monológica, rigidamente controlada por um poder soberano particular (a Igreja, o Rei, etc.). Isso permitiu que cada esfera de valor dominasse e controlasse as outras. Galileu foi impedido de perseguir a ciência (o Verdadeiro) porque entrou em conflito com a moral religiosa mitica predominante da época (o Bom). Michelangelo teve que ter muito cuidado com os tipos de figuras que representava em sua arte, porque Arte e Moral ainda não eram diferenciados. Isto não era holismo ou integração; mas sim fusão indiferenciada.

Nos tempos modernos, começando em grande parte com o Renascimento, as esferas da Arte, da Moralidade e da Ciência começaram a ser devidamente diferenciadas. Libertadas do jugo do controle autoritário, cada esfera teve permissão para atuar sobre seus próprios domínios e seus próprios métodos para gerar conhecimento – e, como resultado, o conhecimento começou a florescer a uma taxa exponencial. Novas formas de expressão artística emergiram. Novos métodos de validação científica nos permitiram separar o fato objetivo da crença subjetiva, resultando no surgimento da física, da química e da biologia a partir do amálgama pré-diferenciado da alquimia hermética. Essas esferas de valor não apenas aceleravam sua própria aquisição de conhecimento, mas também exerciam uma pressão acelerada sobre as outras esferas – por exemplo, a diferenciação entre “Eu” e “Nós” permitia o surgimento de direitos e liberdades individuais que não podiam ser afetados ou banidos pelo Estado, pela Igreja, etc., que por sua vez resultou na proliferação de novas filosofias de bondade moral baseadas nesses novos princípios de igualitarismo e dignidade individual. Por serem devidamente diferenciadas, as três esferas de valor foram transformadas pela primeira vez em genuínos propulsores para o avanço do pensamento humano.

Mas o que acontece quando levamos a diferenciação longe demais? Simples: torna-se dissociação completa. Todo o nosso corpo de conhecimento se torna disfuncional, achatado e fragmentado. Os ciclos de retroalimentação criados entre as três esferas diferenciadas começam a se desintegrar, e todas as principais vias do conhecimento humano começaram a perder de vista as outras, ultrapassando sua competência e se reafirmando como a autoridade central de tudo o que é cognoscível. Divorciado de todas as noções de um contexto universal comum, um novo fundamentalismo começa a tomar forma – não o fundamentalismo bruto de uma autoridade central não diferenciada (toda floresta, nenhuma árvore), mas um fundamentalismo um pouco mais insidioso de núcleos dissociados e desconectados (todos árvores, sem floresta).

Essa é a condição pós-moderna em que muitos de nós mesmos agora nos encontramos, onde as muitas patologias da dissociação se espalham – incluindo todos os termos usuais de dez dólares como cientificismo, construtivismo cultural e relativismo, reducionismo sistêmico, infantilização estética, colapso epistêmico e “verdade” política.

Da fusão à diferenciação e dissociação – esta é a história do conhecimento humano até agora, a história da própria condição humana.

Integrando as Três Grandes

O que nos traz a hoje, no eminência de mais um monumental salto de compreensão. Um novo tipo de pensamento integrativo está começando a emergir das ruínas fumegantes do pós-modernismo, que busca reconhecer, honrar e incluir todos os numerosos ramos da arte, da moral e da ciência, reconhecendo-os como múltiplas facetas de uma única jóia viva. Este pensamento integrativo é guiado por três princípios gerais:

  • “Todo mundo está certo” (não-exclusão)
  • “Alguns estão mais certos que outros” (envolvimento)
  • “Se você quer saber isso, faça aquilo” (por em prática)

Note que, quando todos estes três princípios são postos em prática, surge uma questão muito simples, mas bastante profunda: “Como podemos descrever a realidade de tal maneira que todas essas perspectivas verificáveis ​​sobre a Verdade, a Bondade e a Beleza possam ser incluídas?

A Visão Integral é a nossa melhor resposta para essa pergunta – a nossa melhor esperança para superar a fragmentação dolorosa de nossas vidas e do mundo ao nosso redor, para diminuir as distâncias cada vez maiores entre nós e revelar o brilho da verdade em cada perspectiva.

Abrindo-se a esta nova onda integral de pensamento, conhecimento e ser, você é capaz de explorar mais completamente o enorme espectro de experiência disponíveis para você. E quanto mais você puder experimentar a realidade, mais liberdade e plenitude florescerão em sua vida. Integral é um meio pelo qual você pode ver – e sentir – que, de alguma forma, todos estão certos em suas várias interpretações da realidade. Ou, em outras palavras, “ninguém é inteligente o suficiente para estar errado o tempo todo”. A visão Integral baseia-se em todas as melhores ideias da história – do Oriente e do Ocidente, pré-moderna, moderna e além. Ela sintetiza todo o nosso conhecimento e sabedoria acumulada de tal forma que passamos a ver padrões muito reais emergir diante de nossos olhos, padrões que conectam todos os vários aspectos de nossas vidas, tecendo as muitas vertentes de nossas vidas em um todo profundamente significativo.

A Visão Integral ajuda a refinar e fortalecer nossa própria perspectiva de mundo, ao mesmo tempo em que nos abre para todas as perspectivas infinitas que nos cercam, para que possamos compartilhar plena e livremente a visão mais abrangente da realidade possível. Isso nos permite ser uma inegável força da Verdade, Bondade e Beleza no mundo, nos nossos relacionamentos e no nosso próprio atemporal coração.

escrito por Corey deVos
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